In Memorian David Lynch (1946 – 2025) 

David Lynch (Foto: Reprodução)

David Keith Lynch cresceu no interior do estado de Montana, Estados Unidos. Seus pais decidiram que a melhor forma de educação era viajar pelo país e conhecer a história ao vivo. Foi quando se matriculou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia, o lugar onde ele decidiu que o cinema era seu futuro. 

Após escrever vários curtas, David Lynch, agora assumindo seu futuro nome artístico, mudou-se para Los Angeles. Com tantas fontes de inspiração, a terra onde o cinema se consolidou, Lynch escreveu, produziu e dirigiu seu primeiro filme, o suspense surrealista, Eraserhead, em 1977. O sucesso desse trabalho abriu sua carreira para novas possibilidades. George Lucas viu Eraserhead e convidou Lynch para dirigir Star Wars – O Retorno de Jedi, em 1983. Ele não seguiu em frente por achar que a visão de Lucas sobre a saga era muito pessoal. 

Seu próximo trabalho foi um divisor de águas. Ele estava trabalhando como pedreiro, habilidade desenvolvida durante a juventude, quando recebeu a proposta de Mel Brooks. Ele tinha adorado Eraserhead e queria que Lynch dirigisse O Homem Elefante, inspirado na história real de John Merrick, que sofria uma doença genética que deformou seu corpo à medida em que crescia. O filme foi baseado nos livros The Elephant Man: A Study in Human Dignity, escrito em 1973 por Ashley Montagu, e The Elephant Man and Other Reminiscences, escrito por Sir Frederick Treves, em 1923.  

A repercussão e o sucesso comercial de O Homem Elefante, especialmente por ter garantido cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção, alavancou a contratação de Lynch pela De Laurentiis Entertainment Group para fazer dois outros filmes. O primeiro foi Duna (1984), baseado na obra homônima de Frank Herbert, uma ficção científica filosófica que não conquistou seu espaço nas bilheterias. Entretanto, seu lançamento em VHS na época foi um sucesso sem precedentes. 

Como o resultado da bilheteria foi muito aquém do que Dino De Laurentiis imaginava, Lynch negociou o final de seu contrato com a produção de um roteiro original chamado Veludo Azul, lançado em 1986, e que lhe deu a segunda indicação ao Oscar. O filme mostra a descoberta de uma orelha e sua ligação com o crime alucinado de uma pequena cidade do interior. Veludo Azul foi reconhecido como um filme neo-noir, uma extensão do gênero de filmes de detetives dos anos 40. 

Foi na televisão que Lynch levou suas ideias sobre os segredos que se escondem nas relações humanas, ao acompanhar as investigações da jovem Laura Palmer, encontrada morta na estranha cidade de Twin Peaks. A série foi um sucesso pela ousadia ao apresentar o lado bizarro de uma investigação, misturando técnicas forenses com paranormalidade.  

Foram trinta episódios que marcaram a história da televisão, sendo indicado a 18 EMMYs, incluindo Direção e Roteiro para Lynch. Para dar aos fãs de Twin Peaks um pouco mais da história de Laura Palmer, David produziu e dirigiu o longa Twin Peaks: Os Últimos dias de Laura Palmer em 1992. O diretor voltaria à cidade na minissérie especial Twin Peaks – O Retorno, com 18 episódios lançados em 2017. 

No cinema, David Lynch voltaria a impactar a grande tela com sua visão de mundo e de como o ser humano era peça fundamental para seu brilho e sua escuridão. Assim foram produzidos Coração Selvagem (1990), Estrada Perdida (1997), Cidade dos Sonhos (2001) e Império dos Sonhos (2006).  

Ele também criou sua própria série com episódios de 1 minuto, em que informava as condições do tempo. The Weather Report, lançada em 2005, teve 152 divertidos episódios mostrando que o diretor de obras cultuadas também tinha bom humor. Segundo ele, tudo graças a um dia em 1973 em que ele começou a fazer meditação. Prática diária, dentro e fora do trabalho. 

Produtor de cinema, de televisão e roteirista aclamado, Lynch deixou os fãs de cinema nesta quinta-feira, segundo informou sua família. Ano passado, ele revelou ter sido diagnosticado com enfisema pulmonar, algo que “cultivou” durante décadas como fumante. 

Independente disso, ficam as clássicas imagens: John Merrick (John Hurt), em O Homem Elefante, gritando para uma turba curiosa “Eu não sou um elefante! Não sou um animal! Sou um ser humano! Sou um homem. Sandy Williams (Laura Dern), de Veludo Azul: Não sei se você é um detetive ou um pervertido. E a grande pergunta de Twin Peaks: Quem matou Laura Palmer? 

Para conhecer um pouco mais de David Lynch, você pode ver Duna e Veludo Azul, que estão disponíveis no streaming Looke. 

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