China considera banir filmes norte-americanos de seus cinemas

Cinema na China (Foto: Reprodução)

O cinema norte-americano pode estar prestes a enfrentar um de seus maiores desafios. Diante das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o governo chinês estuda a possibilidade de reduzir ou até proibir a entrada de filmes hollywoodianos em seu mercado — que é um dos mais lucrativos do mundo.

Ainda sem confirmação oficial, a medida seria uma resposta direta às tarifas impostas por Donald Trump a produtos chineses. E, embora o setor audiovisual até agora tenha escapado de sanções mais duras, o cenário pode mudar. A intenção por trás disso vai além da economia: há também um desejo do governo chinês de reforçar a soberania cultural e limitar a influência ocidental, principalmente americana, no país.

Há filmes que arrecadaram mais no circuito chinês do que no americano, como Need for Speed, Kung Fu Panda 3, Truque de Mestre 2, Os Mercenários 3, entre outros. No entanto, nos últimos anos, a presença de Hollywood nas salas chinesas já vinha diminuindo. Em 2018, mais de 60 filmes dos EUA estrearam por lá. Em 2022, esse número caiu para 15. Embora 2023 tenha visto uma leve recuperação, com 35 lançamentos, a tendência ainda é de diminuição, e isso se reflete diretamente nas bilheteiras.

Atualmente, produções locais respondem por mais de 80% da arrecadação do país, e a política de cotas limita a exibição de filmes estrangeiros a cerca de 34 títulos por ano — com apenas 25% da bilheteria voltando para os estúdios estrangeiros.

Ainda assim, Hollywood não desapareceu totalmente do radar chinês. Filmes como Godzilla x Kong: O Novo Império arrecadaram US$132 milhões na China em 2024. Outros títulos, como Transformers: O Despertar das Feras (US$97 milhões) e Jurassic World: Domínio (US$120 milhões), também tiveram bom desempenho. Mas essas são exceções em meio à ascensão de produções chinesas como Ne Zha 2, que arrecadou quase US$2 bilhões e entrou no top 10 mundial das animações de maior bilheteria.

A possível retirada dos filmes americanos representa muito mais que apenas uma perda financeira para os estúdios. Afinal, o cinema também é uma forma de influência, e a China quer contar mais suas próprias histórias do que ouvir as do Ocidente.

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