Os espiões que entraram no cinema

Com a chegada aos cinemas do mais recente filme de Ethan Hunt, Missão: Impossível – Acerto de Contas, relembramos os espiões mais icônicos da Sétima Arte

Espiões - Tom Cruise como Ethan Hunt em Missão Impossível e Daniel Craig como James Bond na franquia 007 (Fotos: Reprodução)
Tom Cruise como Ethan Hunt em Missão Impossível e Daniel Craig como James Bond na franquia 007 (Fotos: Reprodução)

Quem acompanha os filmes de espionagem costuma imaginar que a vida desses agentes vai muito além da simples defesa dos interesses nacionais. Na realidade, muitos operativos deram suas vidas para revelar segredos que mudaram o curso da história. Já na ficção, autores como Ian Fleming, Tom Clancy, John Le Carré e Robert Ludlum criaram mundos onde a vida do espião está sempre por um fio — seja enfrentando inimigos conhecidos ou governos dispostos a tudo para manter o poder.

Curiosamente, ao se falar em “agente secreto”, é quase inevitável lembrar de James Bond, criação de Ian Fleming. O agente britânico, de codinome 007, se tornou o espião mais conhecido do público — não apenas pelo sucesso literário iniciado com Cassino Royale, em 1953, mas também porque o então presidente John F. Kennedy declarou que os livros do agente estavam entre seus favoritos.

Foi no cinema, porém, que as histórias desses agentes especiais ganharam fama — e até um toque de glória. Alfred Hitchcock foi um dos primeiros diretores a explorar esse universo em clássicos como Intriga Internacional (1959), em que Cary Grant é confundido com um agente da CIA por espiões soviéticos em solo americano. Já em Cortina Rasgada (1966), Paul Newman e Julie Andrews interpretam cientistas que, na verdade, são agentes infiltrados por trás da Cortina de Ferro.

Tudo mudou quando Ian Fleming, ex-agente do serviço secreto britânico durante a Segunda Guerra Mundial, criou James Bond — o mais importante espião da literatura do século XX e, sem dúvida, o mais reconhecível do cinema moderno. Em Cassino Royale, somos apresentados a Bond, agente 007 do MI6, o serviço de inteligência do Reino Unido. Hábil com armas, imbatível no combate corpo a corpo, elegante e sedutor, Bond definiu o arquétipo do espião cinematográfico.

Em 1962, os produtores Albert Broccoli e Harry Saltzman adaptaram O Satânico Dr. No (publicado em 1958) para o cinema. Embora o filme não tenha sido um sucesso imediato, chamou a atenção do público pelo estilo sofisticado do espião britânico, interpretado com carisma por Sean Connery. Já o segundo filme da franquia, Moscou Contra 007 (1963), consolidou a fórmula: glamour, belas mulheres, vilões excêntricos e um arsenal moderno para enfrentar qualquer desafio.

O sucesso de Bond gerou diversos “clones”. Surgiram filmes como Flint Contra o Gênio do Mal (1966), estrelado por James Coburn, e O Agente Secreto Matt Helm, interpretado por Dean Martin, também lançado em 1966, pouco após o estouro de 007 Contra a Chantagem Atômica (1965), que se tornou um fenômeno mundial de bilheteria.

Nem todos, porém, celebraram esse sucesso. John Le Carré, pseudônimo de David John Moore Cornwell, ex-integrante do corpo diplomático britânico entre 1960 e 1964, criticava as aventuras fantasiosas de Bond e decidiu escrever sobre o que considerava a verdadeira vida dos espiões. Foi assim que nasceu George Smiley, protagonista de diversos romances — entre eles O Espião que Sabia Demais, que ganhou uma aclamada adaptação cinematográfica em 2011, com Gary Oldman no papel principal. A trama retrata a infiltração de um agente soviético no MI6, inspirada na história de Kim Philby, espião duplo responsável pela exposição de dezenas de agentes britânicos.

Outro destaque da obra de Le Carré é A Casa da Rússia, lançado em 1989 e adaptado para o cinema em 1990, com Sean Connery no papel principal. Ele interpreta um editor britânico que, em viagem à Moscou, se envolve com Katya (Michelle Pfeiffer), mulher que carrega documentos sigilosos sobre o regime soviético. O filme está disponível na plataforma Looke.

Na televisão, os espiões também brilharam nos anos 1960. James West apresentava as aventuras de um agente secreto americano (vivido por Robert Conrad) no final do século XIX. Outra série de destaque foi O Agente da UNCLE, estrelada por Robert Vaughn e David McCallum como Napoleon Solo e Illya Kuryakin, membros da fictícia organização internacional de espionagem UNCLE (United Network Command for Law and Enforcement).

Missão: Impossível estreou como série de TV em 1966, trazendo um grupo de agentes encarregados de missões altamente perigosas, capazes de derrubar regimes ou desmantelar o crime organizado. Em 1996, a série foi adaptada para o cinema, com Tom Cruise no papel de Ethan Hunt. A franquia ganhou força a partir de Missão: Impossível 3 (2006), quando Cruise assumiu também a produção dos filmes.

A cada nova missão, Ethan Hunt desafia os limites da ação, realizando pessoalmente cenas de tirar o fôlego — como escalar o Burj Khalifa, em Dubai, no filme Protocolo Fantasma (2011), ou saltar de moto nos Alpes suíços em Acerto Final (2024).

Além dos espiões ousados, há os agentes “adormecidos” e os analistas de gabinete. Robert Ludlum criou Jason Bourne, um agente treinado por um programa secreto da CIA, que só entra em ação quando ativado por um código específico. A minissérie Missão: Matar (1988) foi a primeira adaptação do livro original de 1980. Em 2002, Matt Damon deu nova vida à franquia, tornando Bourne um ícone moderno da espionagem.

Tom Clancy, por sua vez, criou Jack Ryan em A Caçada ao Outubro Vermelho (1984). Ryan é um analista da CIA que descobre que o comandante de um submarino nuclear soviético pretende desertar. A história foi adaptada para o cinema em 1990, com Alec Baldwin como protagonista e direção de John McTiernan. Ryan ainda protagonizou outros quatro filmes e, mais recentemente, ganhou uma série de TV estrelada por John Krasinski, lançada em 2018.

E não podemos esquecer de Evelyn Salt, personagem vivida por Angelina Jolie em Salt (2010). Após se casar, Salt passa a viver como analista da CIA, até que um homem — alegando ser ex-agente soviético — aparece na sede da agência em Nova York com uma revelação bombástica: ela seria uma agente adormecida infiltrada no serviço de inteligência americano. A partir daí, ela parte em busca da verdade por trás de sua identidade.

Espiões, agentes secretos, analistas e infiltrados — personagens vindos da literatura ou da televisão — continuam a fascinar o público. Afinal, quem nunca se perguntou se por trás de um rosto comum pode estar escondido um espião letal?

Filmes de espionagem mais aclamados:

  • 007 – Operação Skyfall: Uma das entradas mais elogiadas da franquia James Bond, repleta de ação, tensão e personagens marcantes.
  • O Ultimato Bourne: Terceiro filme da série Bourne, com trama envolvente e cenas de ação de alto nível.
  • Missão: Impossível – Protocolo Fantasma: Filme conhecido por suas sequências de ação inovadoras e ritmo eletrizante.
  • 007 – Cassino Royale: Um recomeço para a franquia, mostrando Bond antes de se tornar o agente 007.
  • Ponte dos Espiões: Drama de espionagem ambientado na Guerra Fria, focado em negociações e trocas de prisioneiros.
  • A Supremacia Bourne: Continuação da saga Bourne, com muita tensão e perseguições de tirar o fôlego.
  • A Identidade Bourne: Primeiro filme da franquia, apresentando o universo de Jason Bourne.
  • Argo: Baseado em fatos, o filme retrata o resgate de americanos durante a crise do Irã.
  • O Espião que Sabia Demais: Suspense inteligente sobre infiltração e paranoia no serviço secreto britânico.
  • Os Infiltrados: Thriller que mistura polícia, crime organizado e agentes infiltrados, com reviravoltas impactantes.
  • O Espião que Veio do Frio: Clássico sombrio sobre um espião veterano em tempos de Guerra Fria.
  • A Hora Mais Escura: Retrato da caçada a Osama bin Laden, com tensão e realismo.

Paulo Gustavo Pereira

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