Desde o sucesso do filme A Múmia, de 1999, a Universal Pictures tenta recriar sua seleção de monstros cinematográficos surgidos em 1931, com Frankenstein, Drácula, A Múmia, O Homem Invisível e O Lobisomem. No entanto, o estúdio só conseguiu voltar com a ideia recentemente, quando o jovem diretor australiano Leigh Whannell criou um dos melhores suspenses de ficção científica, O Homem Invisível (2020).
Ele também é o responsável pelo surpreendente Lobisomem, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros. A história mostra Charlotte (Julia Garner) e Blake (Christopher Abbott) viajando com a filha pequena Ginger (Matilda Firth) para o interior do Oregon, a fim de resolver pendências com a morte do pai dele.
Antes de chegar, eles são atacados por uma estranha criatura, que fere Blake. Sitiados na casa, Charlotte percebe que o marido está ferido e sofrendo uma transformação física assustadora. Não é preciso pensar muito sobre a conclusão: Blake foi contaminado no ataque e, em breve, também será uma criatura sinistra, uma mistura de homem e lobo, que os indígenas locais chamam de lobisomem.
Como criatura/personagem, o lobisomem ganhou fama com o trabalho de Lon Chaney Jr, no clássico de 1941, O Lobisomem. No filme, o jovem aristocrata Larry Talbot (Chaney Jr) volta ao País de Gales para reencontrar a família, quando é atacado por uma criatura noturna. Na realidade, a criatura é um cigano que carrega a maldição do lobisomem em seu sangue.
O filme fez sucesso e mudou a carreira de Chaney Jr, que temia ficar rotulado como o filho de Lon Chaney, um dos grandes atores de suspense e terror do cinema mudo, que estrelou as primeiras versões de O Fantasma da Ópera (1925) e O Corcunda de Notre Dame (1923). Ao contrário, Chaney Jr fez diversos filmes de vários gêneros, além de outras quatro sequências como Lobisomem da Universal.
O Lobisomem, contudo, ganhou no decorrer da história do cinema várias versões, além da clássica já mencionada. A versão escrita por Curt Siodmak, por exemplo, criou a simbologia da bala de prata e de que uma ferida provocada por um lobisomem pode transmitir a “maldição” do lobo pelo sangue.
Esse foi o conceito que o diretor John Landis levou para seu filme Um Lobisomem Americano Em Londres, feito em 1981. Landis inclusive acrescentou algo que nunca tinha sido visto em filmes do gênero: a dolorosa transformação do jovem turista americano David (David Naughton) no lobo na primeira noite de lua cheia. Essa dor é muito utilizada no novo filme de Leigh Whannell, quando Blake sofre a cada momento em que ele sabe que o seu corpo está mudando… para pior.
A maldição do homem-lobo pode ser vista também nos dois filmes do britânico Charlie Steeds, que estão no Looke. Em Um Lobisomem na Inglaterra (2020), dois viajantes se hospedam numa pousada, descobrindo que os donos do lugar fizeram um pacto com os lobisomens para não serem atacados. Um pacote que envolve, claro, o sacrifício humano. Já em O Castelo do Lobisomem (2021), um grupo de cavaleiros se une para evitar a invasão de uma horda de lobisomens que ameaçam a Inglaterra feudal.
Baseado num conto de Stephen King, Bala de Prata (1985) aponta que a maldição do lobisomem pode se revelar entre as pessoas menos suspeitas de se transformar numa violenta e sanguinária criatura das trevas. E se você quiser um filme menos sombrio, assista, no Looke, a Um Lobisomem Americano em Paris (1997), estrelado por Tom Everett Scott.
Como se pode ver, é um personagem com histórias criativas e assustadoras, que fazem parte da história do cinema e que vale a pena conhecer. Especialmente para aqueles que não temem sair numa noite de lua cheia.