Série sueca mergulha no desaparecimento de um fazendeiro, revelando uma tragédia anunciada relacionada com sua própria família

Ninguém pode reclamar que as histórias baseadas em acontecimentos do dia a dia não dão boas histórias. A dramaturgia nórdica está aí para desmentir os invejosos. Não estou falando de investigações criminais envolvendo políticos como na premiada The Killing, lançada em 2007, na Dinamarca, e ganhando uma versão americana em 2011. Mas obras que mostram o cotidiano normal de uma comunidade assolada por um crime passional. Quando acompanhamos um simples desaparecimento de um fazendeiro, dono de uma das maiores fazendas do interior da Dinamarca, é possível entender como casos desse tipo, que aconteceram de fato, podem ser vistos como um estudo sobre a maldade humana.
Bengt Ljungqvist (Peter Andersson) é um latifundiário que nunca gostou do jeito moderno de cuidar da terra. Quando sua filha Sanna (Clara Drake), volta da faculdade carregada de ideias novas para aumentar a produtividade da fazenda, seu tradicionalismo arcaico rejeita qualquer nova ideia vinda da filha. A relação entre os dois começa a ficar mais complicada quando Sanna conhece Marcus (Gustav Lindh), um jovem trabalhador de uma família de agricultores.
O jovem casal se apaixonada, gerando uma irracional ira por parte de Bengt, acreditando que Marcus só está com Sanna por causa do dinheiro da família. Aos poucos, a crise entre pai e filha vai aumentando, com o sinistro desejo de Sanna de matar o pai para que ela pudesse viver sua paixão com Marcus.
A ideia básica da série, por si só, parece um drama de qualquer telenovela mexicana. Algo exagerado com consequências trágicas. Tudo muda quando a série introduz Tanja Thorell (Alliette Opheim), a responsável por uma organização não-governamental que recruta voluntários para vasculhar a região em busca de pessoas desaparecidas. A partir daí, a produção ganha mais força, aumentando o suspense.
Especialmente após Tanja conversar com Emelie Ljungqvist (Stella Juhlin), filha mais velha de Bengt, afirmando que o pai está desaparecido há dois anos. Tanja consegue, a contragosto do chefe da polícia local, organizar um novo grupo de voluntários para iniciar a busca por Bengt, com a ideia inicial de que ele pode ter sofrido um acidente e ter caído em algum buraco nos arredores de sua fazenda.
E aí é que a série mostra a que veio. Enquanto no presente acompanhamos as buscas organizadas por Tanja, a série nos mostra cada vez mais indícios de que Sanna e Marcus podem estar envolvidos com o desaparecimento de Bengt. Será? Como a série é baseada em eventos que aconteceram e, segundo o alerta inicial de que fatos e personagens foram mudados para intensificar o drama da história, é provável que estamos vendo um caso passional, onde o choque de gerações foi a mola propulsora de uma tragédia anunciada.
De qualquer maneira, Coração Sombrio, que está disponível no Looke, é uma excelente oportunidade para conhecer mais um bom exemplo da dramaturgia nórdica, onde nada é o que parece, e a solução de um problema passa, com certeza, pelo mistério, suspense até chegar no drama do cotidiano. Assista à série no Looke.