As últimas páginas de Frederick Forsyth 

O jornalista que virou um dos maiores escritores de suspense político, responsável pelo clássico O Dia do Chacal, morre aos 86 anos 

Frederick Forsyth (Foto: Reprodução)
Frederick Forsyth (Foto: Reprodução)

Durante mais de quatro décadas, as tramas do jornalista e novelista britânico Frederick Forsyth fez o leitor não desgrudar nenhum simples momento das páginas recheadas de informações e tramas que poderiam ter acontecido de verdade. O motivo dele ter arrebanhado milhares de fãs ao redor do mundo foi seu estilo único de contar uma história: mesclar fatos com drama literário. 

Após servir na RAF – Força Aérea Real, Frederick decidiu usar todo o conhecimento adquirido em letra na universidade espanhola de Granada e conseguiu um emprego no Eartern Dayily Press, como repórter. A experiência o levou a trabalhar na Reuters, uma das mais importantes agências de notícia da Europa. Seu trabalho de investigar fatos relacionados com a política mundial foi o elemento que o levou a escrever A História de Biafra – O Nascimento de um Mito Africano, em 1969. O livro apresentava os fatos relacionados com a revolução naquela região africana que Frederick presenciou como repórter. 

Ao ler as notícias sobre o atentado à vida do presidente francês Charles De Gaule, que o jornalista revelou seu lado de contar histórias de suspense político. Em 1971, O Dia do Chacal se transformou num best-seller instantâneo, colocando o livro nas listas dos Top 10 de vários jornais ao redor do mundo. O sucesso levou o diretor Fred Zinnemann a mergulhar na adaptação para o cinema dois anos depois.  

Nos anos seguintes, o estilo de mesclar fatos da história contemporânea com ficção resultou em outros sucessos como O Dossiê de Odessa (1972), sobre a caça aos remanescentes do nazismo; Cães de Guerra (1974) que mostra a atuação de mercenários em países do Terceiro Mundo; A Alternativa do Diabo (1979) com a revelação de que um agente do serviço secreto inglês era um agente infiltrado de Moscou, e uma trama sobre um atentado nuclear em O Quarto Protocolo (1984). 

Usando a espionagem e o trabalho de agentes infiltrados, ele criou obras tensas e quase reais como O Punho de Deus (1994), sobre uma possível arma de destruição em massa dos iranianos. Em O Afegão (2006), ele coloca um agente infiltrado dentro da conhecida organização terrorista Al-Qaeda para descobrir o próximo atentado da organização em solo americano. E finalmente O Cobra (2010), mostrando um plano secreto do governo americano para acabar com o tráfico de drogas. 

Em 2016, Forsyth decidiu se aposentar com sua máquina de escrever. Aliás, ele nunca usou um computador para criar suas obras-primas. Mas dois anos depois, ele aproveita a onda mundial sobre ciber-ataques e cria a trama principal de A Raposa. A história mostra um agente britânico renegado usando um gênio da computação para acabar atacar o Irã e a Rússia. 

Fora dos dramas de espionagem e conspirações, Frederick Forsyth escreveu O Fantasma de Manhattan (1999), que é uma sequência do clássico O Fantasma da Ópera. Em 1997, foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico para celebrar sua contribuição à literatura.  

Seu livro de memórias, The Outsider: Minha Vida de Intrigas, foi publicado em 2015. No livro, Frederick Forsyth afirma que um jornalista jamais deve, por mais sedutor que seja, se juntar ao establishment. O trabalho do jornalista é responsabilizar os poderosos, e não se juntar a eles. 

“Em um mundo cada vez mais obcecado pelos deuses do poder, do dinheiro e da fama, um jornalista e um escritor devem permanecer distantes, como um pássaro no trilho, observando, anotando, investigando, comentando, mas nunca se juntando a eles. Em suma, um outsider.” Frederick Forsyth faleceu nesta segunda-feira, 9, na cidade de Buckinghamshire, na região sudeste da Inglaterra, aos 86 anos. 

Em Tempo: para conhecer uma das melhores adaptações da obra de Frederick Forsyth, veja no Looke O Dia do Chacal

Paulo Gustavo Pereira

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