1975: Cinquenta anos de sucessos!

Conheça dez grandes bilheterias do cinema americano que estão completando 50 anos de suas estreias nos cinemas

Filmes de 1975
Tubarão e The Rocky Horror Picture Show (Fotos: Reprodução)

Parece que foi ontem que saí do Cine Ipiranga totalmente arrepiado por ter assistido a um filme sobre um tubarão assassino. Tubarão foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e cunhou, na indústria do entretenimento, o termo blockbuster, o filme que “arrasa-quarteirões”. Steven Spielberg, frustrado por não ter sido indicado como Melhor Diretor, saiu orgulhoso da noite do Oscar com a indicação de Melhor Filme e três estatuetas: Som, Montagem e Trilha Sonora, esta feita pelo grande John Williams.

Naquela época, no auge dos meus 17 anos, tinha acabado de ler o livro de Peter Benchley, disponível no Círculo do Livro. Uma história de arrepiar, com um inimigo natural aterrorizando uma pequena cidade litorânea dos Estados Unidos. Depois de assistir ao filme, demorei a encarar uma praia.

O ano de 1975 foi muito interessante para mim. Conheci figuras importantes do jornalismo, como Fernando Morgado, que era redator de notas internacionais da TV Tupi e crítico de cinema da Folha de S. Paulo. Morgado também escrevia a coluna de filmes da TV, minha principal fonte de informação sobre a Sétima Arte. O assunto sobre Tubarão preencheu uma bela manhã na redação da Tupi com o meu mentor cinematográfico.

Essas conversas me abriram os olhos para o cinema de forma geral. Não apenas para os filmes que já havia curtido até então, mas também para outras fantásticas produções lançadas naquele ano. Filmes premiados como Dersu Uzala, de Akira Kurosawa; Um Estranho no Ninho, que deu o Oscar de Melhor Ator a Jack Nicholson; e até meu primeiro contato com o grupo mais alucinado da comédia moderna, no filme Monty Python em Busca do Cálice Sagrado.

Pois é, há 50 anos comecei a conhecer o cinema mundial, guiado também por Rubens Ewald Filho, da coluna do Jornal da Tarde, Os Filmes de Hoje na TV. Por isso, quando me deparei com várias grandes produções comemorando 50 anos de estreia, sugeri escrever um texto mostrando quais foram as mais importantes, do ponto de vista do faturamento nas bilheterias. Aliás, esse é um critério pelo qual muitos filmes passaram a ser classificados, especialmente depois que o senhor Spielberg soltou nas telas o tubarão assassino que arrasou quarteirões.

Confira as dez maiores bilheterias de 1975:

Tubarão (Jaws)

Adaptação do best-seller de Peter Benchley, lançado em 1974, sobre o ataque de um grande tubarão branco a uma cidade litorânea americana prestes a receber turistas para a temporada de férias. A abertura do filme, semelhante ao que acontece no livro, mostra uma jovem decidindo nadar sob o luar, numa sequência que entrou para a História do Cinema.

Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Nest)

Com direção de Milos Forman, o filme é uma adaptação do livro de Ken Kesey e do roteiro da peça escrita por Dale Wasserman. Num centro de tratamento de doentes mentais, chega o alucinado e espertalhão R.P. McMurphy (Jack Nicholson), um criminoso pé-de-chinelo que alegou insanidade para não ir preso. Dentro do lugar, ele acaba se rebelando contra o sistema, que tem como antagonista a enfermeira Ratched (Louise Fletcher). O duelo entre os dois é o ponto alto da trama, que rendeu nove indicações ao Oscar, vencendo nas categorias de Melhor Filme, Direção (Milos Forman), Roteiro (Lawrence Hauben e Bo Goldman), Ator (Nicholson) e Atriz (Louise Fletcher). Aliás, ao receber o prêmio, ela fez um agradecimento em Libras para os pais, que a assistiam pela TV.

Shampoo

Cabeleireiro de ricos e famosos de Los Angeles, interpretado por Warren Beatty, tenta se livrar dos problemas que ele mesmo criou, ao manter casos com várias clientes. Tudo começa a se complicar quando o marido de uma das amantes decide confrontá-lo. Comédia ácida sobre relações humanas na alta sociedade americana, com um elenco fantástico encabeçado por Beatty, Julie Christie, Goldie Hawn, Carrie Fisher, Jack Warden e Lee Grant, que venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon)

Baseado num acontecimento real ocorrido em 1972, relatado pela revista Life, sobre um assalto que deu errado numa agência bancária no Brooklyn, em Nova York. Sonny Wortzik, interpretado por Al Pacino, decide assaltar o banco para conseguir dinheiro para a cirurgia de redesignação sexual do amante. Claro que o plano dá errado e Sonny acaba criando uma situação complicada, mantendo reféns por horas. A direção é de Sidney Lumet, que já havia trabalhado com Pacino em Serpico (1973) e é responsável pelo clássico 12 Homens e uma Sentença (1957). O resultado é uma dose de realidade com drama feito para o cinema.

A Volta da Pantera Cor-de-Rosa (The Return of the Pink Panther)

O mais atrapalhado detetive da polícia francesa está de volta, investigando o sumiço do lendário diamante Pantera Cor-de-Rosa. Sim, o alvo dos ladrões do primeiro filme dirigido por Blake Edwards, em 1963, retorna para mostrar que o inspetor Jacques Clouseau continua sem noção. O personagem é um dos trabalhos mais notáveis de Peter Sellers, que retorna após o sucesso de Um Tiro no Escuro (1964). Depois desta produção, Blake Edwards e Sellers ainda fariam juntos A Nova Transa da Pantera Cor-de-Rosa (1976) e A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa (1978).

Três Dias do Condor (Three Days of the Condor)

Um dos primeiros filmes a mostrar uma conspiração na comunidade de inteligência dos Estados Unidos. Robert Redford é um analista da CIA que foge após descobrir que todos os seus colegas foram assassinados. Agora, como alvo, ele precisa descobrir quem está por trás da chacina. Adaptação do best-seller Os Seis Dias do Condor, de James Grady, dirigida com maestria por Sydney Pollack, que no ano anterior havia feito Operação Yakuza. Além de Redford, a parceira de ação é Faye Dunaway, que ganharia o Oscar por Rede de Intrigas, também de Lumet, em 1976.

The Rocky Horror Picture Show

Essa produção da Fox se transformou num dos maiores cult movies do cinema mundial. Baseado num musical da Broadway, o filme satiriza os filmes de monstros ao apresentar um casal obrigado a pedir abrigo numa sinistra mansão durante uma tempestade. Lá, conhecem o dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), uma espécie de cientista louco trans que vai usá-los como cobaias em suas experiências de sexo, drogas e rock’n’roll. A trilha sonora é marcante e o filme foi cultuado até no Brasil, tanto pela montagem teatral quanto por inspirar campanhas publicitárias.

Funny Lady

Continuação do sucesso musical Funny Girl – A Garota Genial (1969), estrelado por Barbra Streisand, que lhe rendeu o Oscar. O filme mostra a trajetória da comediante Fanny Brice após a separação de sua grande paixão (vivida por Omar Sharif). Uma mistura de drama, musical e humor, especialmente nos bastidores do lendário Teatro Ziegfeld. Mesmo sem o impacto do primeiro, o filme foi indicado ao Globo de Ouro e a cinco Oscars técnicos.

Uma Janela para o Céu (The Other Side of the Mountain)

Considerada uma futura medalhista no esqui, Jill Kinmont (Marilyn Hassett) se prepara para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1956, em Cortina D’Ampezzo, Itália. Um acidente quase fatal a deixa paralisada. O filme retrata sua luta para se reerguer, num drama sensível e com boas interpretações. Pouco conhecido no Brasil, devido à baixa popularidade dos esportes de inverno, o filme permanece relevante.

Tommy

Com o sucesso de Jesus Cristo Superstar e Godspell, a adaptação da ópera-rock do grupo britânico The Who chegou aos cinemas para delírio dos fãs de musicais e rock. Baseado no álbum de 1969, o filme ganhou público com a ajuda da canção Pinball Wizard, interpretada por Elton John. Tommy é um garoto traumatizado pela morte do pai, considerado surdo, cego e mudo, que vira fenômeno ao se tornar campeão mundial de pinball. Quando sua fama se transforma em culto, sua vida e a de sua família se tornam uma tragédia anunciada. Um filme para ver, ouvir e dançar.

Paulo Gustavo Pereira

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