
O ator Gene Hackman, um dos grandes nomes da história do cinema americano, foi encontrado morto em sua casa em Santa Fé, no estado do Novo México, ao lado de sua esposa, a pianista Betsy Arakawa, e do cachorro do casal. Hackman tinha 95 anos, e Betsy, 64. As autoridades locais informaram que, até o momento, não há indícios de crime, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.
Com uma carreira que atravessou décadas, Hackman deixa um legado imenso no cinema. Vencedor de dois Oscars — um como melhor ator por Operação França (1971), de William Friedkin, e outro como melhor ator coadjuvante por Os Imperdoáveis (1992), dirigido por Clint Eastwood —, ele foi um dos artistas mais respeitados de sua geração, acumulando também prêmios importantes como o Globo de Ouro, o Bafta e o Screen Actors Guild.
Nascido na Califórnia em 1930, Hackman teve uma trajetória improvável até chegar às telas. Aos 16 anos, mentiu sobre a idade para se alistar no Exército e serviu em missões no Havaí, China e Japão. Após ser dispensado, teve vários empregos — desde vendedor de sapatos a motorista de caminhão — enquanto sonhava com uma carreira artística. Estudou jornalismo e produção televisiva, mas a paixão pela atuação falou mais alto.
Nos anos 1960, Hackman ingressou na Pasadena Playhouse, escola de teatro na Califórnia, onde fez uma amizade que duraria toda a vida com Dustin Hoffman. Curiosamente, os dois foram considerados os menos promissores da turma, mas contrariaram todas as expectativas. Hackman estreou no cinema em Lilith (1964) e, poucos anos depois, ganhou destaque como Buck Barrow em Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967), o papel que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar.
Nos anos 1970, veio a consagração definitiva com Operação França, no papel do detetive durão Popeye Doyle. Daí em diante, esteve em clássicos como O Destino do Poseidon (1972), o thriller psicológico A Conversação (1974), de Francis Ford Coppola, e deu vida a um dos vilões mais icônicos da cultura pop: Lex Luthor, nos filmes de Superman entre 1978 e 1987.
Nos anos 1980 e 1990, Hackman seguiu em alta, com atuações memoráveis em Mississippi em Chamas (1988), que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar, e no faroeste Os Imperdoáveis, que lhe garantiu sua segunda estatueta. Nos anos 2000, brilhou em produções como Os Excêntricos Tenenbaums (2001), de Wes Anderson – antes de encerrar sua carreira com Uma Eleição Muito Atrapalhada (2004).
Em 2008, Hackman confirmou que estava oficialmente aposentado, citando problemas de saúde e a falta de entusiasmo com os bastidores de Hollywood. Longe das câmeras, dedicou-se à escrita, publicando romances e levando uma vida discreta no Novo México ao lado da esposa, Betsy. O casal ficou junto por mais de três décadas, após o ator se divorciar de sua primeira esposa, Faye Maltese, com quem teve três filhos.
Em uma de suas últimas entrevistas, perguntado sobre como descreveria sua vida, Hackman respondeu com simplicidade: “Ele tentou.” E conseguiu — de uma forma que poucos artistas conseguiram.