In Memoriam – Brigitte Bardot (1934–2025)

A grande atriz do cinema francês, ativista dos direitos dos animais e figura central da Sétima Arte, deixa a grande tela da vida aos 91 anos  

Brigitte Bardot (Foto: Reprodução)
Brigitte Bardot (Foto: Reprodução)

Não lembro exatamente quando ouvi falar em Brigitte Bardot pela primeira vez, mas seu nome me chamou a atenção ao assistir na TV, ainda nos anos 1970, ao filme Minha Querida Brigitte (1965). A comédia, estrelada por James Stewart, acompanha um professor de literatura cujo filho, um gênio da matemática, é obcecado em conhecer nada menos do que Brigitte Bardot, a grande atriz francesa. 

Na época, não era tão comum ver estrelas internacionais circulando com facilidade. O cinema hollywoodiano dominava as telas, e encontros de grandes estrelas de diferentes nacionalidades ainda eram raros. Mesmo assim, Bardot já havia se tornado um nome conhecido muito além da França. 

Ela participou do movimento dos jovens cineastas franceses ligados à Nouvelle Vague, considerados revolucionários nos anos 1950 e 1960. Ironicamente, após se aposentar do cinema, passou a adotar posições políticas conservadoras, o que gerou controvérsia e distanciamento de parte do público que a via como um símbolo de liberdade e ruptura. 

Brigitte Bardot iniciou sua carreira no cinema ainda no início dos anos 1950, com pequenas participações. Incentivada por uma amiga do Conservatório de Paris, posou para a capa da revista Elle e acabou sendo descoberta pelo diretor Marc Allégret. Em 1956, estrelou E Deus Criou a Mulher, dirigido por Roger Vadim, então seu marido. O filme não apenas revelou seu talento e magnetismo em cena, como também a transformou em um ícone sexual e cultural, abrindo espaço para narrativas em que a sensualidade feminina ocupava papel central. 

Entre o final dos anos 1950 e o início da década de 1970, Bardot consolidou sua imagem como uma atriz loira, jovem, inteligente e extremamente carismática, disputando atenção com estrelas americanas como Marilyn Monroe e Audrey Hepburn. 

O auge de sua carreira se deu nos anos 1960, quando atuou em filmes marcantes como A Verdade (1960), de Henri-Georges Clouzot; Vida Privada (1962), de Louis Malle; O Desprezo (1963), de Jean-Luc Godard; As Malícias do Amor (1964); Viva Maria! (1965); além de Histórias Extraordinárias (1968) e do faroeste Shalako (1968), ao lado de Sean Connery. 

Já separada de Roger Vadim, Bardot recusou o papel principal de Barbarella (1968), que acabou sendo interpretado por Jane Fonda. No ano seguinte, esteve em A Noite dos Desesperados (1969), dirigido por Sidney Pollack, trabalho que lhe rendeu reconhecimento crítico. Ao longo dos anos 1970, seguiu atuando em produções como As Noviças, O Urso e a Boneca, Boulevard do Rum e As Petroleiras, encerrando sua trajetória no cinema em 1973. 

Seus filmes ajudaram a transformar comportamentos e padrões no cinema mundial, especialmente no modo como o desejo, a sensualidade e a liberdade feminina eram representados na tela. Após deixar a atuação, Bardot passou a se dedicar intensamente à causa dos direitos dos animais, área em que se tornou uma das vozes mais conhecidas da França. 

Fica a lembrança de um dos grandes talentos da Sétima Arte — e também a homenagem feita pelos brasileiros da cidade litorânea de Búzios, que eternizaram Brigitte Bardot em uma estátua à beira-mar, símbolo de sua relação afetiva com o país. 

Paulo Gustavo Pereira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *