In Memoriam – Graham Greene (1952 – 2025) 

Graham Greene (Foto: Reprodução)
Graham Greene (Foto: Reprodução)

Certa vez, ao ser perguntado por um crítico de cinema se ele não estava fazendo papéis muito estereotipados tanto no cinema como na televisão, Graham Greene sorriu e disse: “Já interpretei todo tipo de coisa. Interpretei um velho judeu em uma loja de móveis no teatro, interpretei o fantasma de um travesti negro; interpretei soldados britânicos, soldados franceses, policiais de Nova York, advogados, então… não”. 

Esse bem-humorado ator que nasceu na Reserva Seis Nações no Canadá, em 1952, conquistou seu espaço em Hollywood fazendo muito mais do que o indígena da vez. Tudo bem que, além de ser um ator competente e talentoso, suas origens nativas também o ajudaram a ser escalado para ser o chefe da tribo que acolheu o Tenente Dunbar (Kevin Costner) em Dança com Lobos (1990). Aliás, papel que lhe deu uma indicação ao Oscar. 

No seu primeiro trabalho após se formar no The Centre for Indigenous Theatre’s Native Theatre School, em Ontario, Canadá, em 1974, Graham interpretou Shylock no clássico de Shakespeare, O Mercador de Veneza, além de fazer o papel de Lenny, no drama de John Steinbeck, Ratos e Homens. Considerado um dos primeiros atores indígenas em Hollywood, Graham fez seu primeiro trabalho profissional na telinha na série canadense O Grande Detetive, de 1979. Sua ida para o cinema foi na cinebiografia de Bill Mills, Running Brave, de 1993, ao fazer o pai do grande corredor das Olimpíadas de Tóquio de 1964 de origem indígena. 

Após fazer participações especiais em filmes e séries, tanto em Hollywood como no Canadá, Graham entrou no elenco do filme que mudaria sua carreira, Dança com Lobos, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1990 e outras seis categorias. Essa foi a chave que mostrou a Hollywood de que indígena canadense é tão talentoso como qualquer outro americano.  

Curiosamente, ele foi para Nova York para uma audição com o diretor Tony Scott para o filme Maré Vermelha, em 1995. O diretor achou que o ator não caberia no elenco por ser um indígena num submarino. Greene respondeu que quatro de seus tios morreram no Pacífico a bordo de submarinos americanos. Ele agradeceu a viagem até Nova York e foi almoçar no Sardi’sm, conhecido restaurante italiano que tem um painel com caricaturas de estrelas de cinema. A de Greene está lá. 

Entre seus principais trabalhos após Dança com Lobos, estão Maverick (1994), Duro de Matar: A Vingança (1995), À Espera de um Milagre (1999) e A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (2012). 

Seus mais recentes trabalhos na TV foram nas séries Reservation Dogs (2023), The Last of Us (2024), Eco (2024), na saga da família Dalton, 1883, e com Sylvester Stallone em Tulsa King. Em 2000, Graham ganhou um Grammy pelo seu trabalho no álbum infantil, Listen to the Storyteller. Ele ganhou o Gemini Award pelo conjunto de seu trabalho, além do Canadian Screen Award e Independent Spirit Award. Em 2021, recebeu uma estrela na Calçada da Fama do Canadá. 

Graham Greene deixa, aos 73 anos, sua esposa, Hilary Blackmore, e sua filha Lilly Lazare-Greene. 

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