O filme Vitória, que chega aos cinemas nesta quinta, 13, levantou uma discussão polêmica sobre a escalação de Fernanda Montenegro para o papel da protagonista. A controvérsia surge porque a personagem de Montenegro é baseada em Joana Zeferino da Paz, uma mulher negra que, em 2005, expôs um esquema de tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
A história real por trás do filme
Joana, uma ex-empregada doméstica e massoterapeuta, vivia na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Cansada de ver suas denúncias sobre tiroteios e crimes serem ignoradas pela polícia, ela decidiu registrar as movimentações criminosas com uma filmadora, da janela de seu apartamento.
As imagens foram repassadas ao jornalista Fábio Gusmão, interpretado no filme por Alan Rocha, que publicou as denúncias. O material levou à prisão de mais de 30 pessoas, incluindo policiais militares envolvidos no narcotráfico. No entanto, a coragem de Joana teve um alto preço: ela foi jurada de morte e precisou mudar de identidade, vivendo sob proteção do Estado por 17 anos. Sua verdadeira identidade só foi revelada em 2023, após sua morte aos 97 anos, vítima de um AVC.
Segundo a produção do longa, a identidade de Joana ainda era secreta quando o filme começou a ser desenvolvido. Como forma de protegê-la, a equipe optou por mudar as características dos personagens. No filme, Joana é chamada de Nina e é interpretada por uma atriz branca, enquanto o jornalista Fábio, que na vida real é branco, é interpretado por um ator negro.
O longa foi idealizado por Breno Silveira, que faleceu em 2022 durante as gravações, sendo substituído por Andrucha Waddington, que é casado com Fernanda Torres, filha de Montenegro.
O elenco de Vitória também conta com Linn da Quebrada, Laila Garin, Thelmo Fernandes e Thawan Lucas.
